Sudão – Uma guerra esquecida. E já se vai 1 ano!

Ao passo em que esta guerra devastadora continua em seu território, os seguidores de Jesus Sudaneses estão compartilhando a respeito da esperança que existe em Cristo. Você quer ajudar?

Advertência : este artigo contém alguns relatos de guerra em primeira mão que podem ser bem stressantes e impactantes.

“Levanta-te, Senhor! Ergue a tua mão, ó Deus! Não te esqueças dos necessitados.” Salmo 10.12

“É muito, muito difícil até mesmo ouvir estas histórias”, nos fala Tom*, o líder da OM para as áreas do Oriente médio e Norte da África. Mesmo que estivesse sabendo como a vida pode ser difícil em uma das áreas com as situações mais frágeis e voláteis do mundo.

“Levou uns 2 ou 3 dias para que eu conseguisse dormir novamente e começar a me sentir normal, depois de ouvir tudo o que os nossos irmãos e irmãs estão passando nestes dias.” Relembra Tom*. “É de partir o coração! As pessoas estão enfrentando diariamente assassinatos, e agressão sexual… Um homem me contou que passou por um espaço público em Khartoum aonde estava largado no chão o corpo de um homem todo coberto por moscas. As pessoas estavam tranquilas tomando chá em um bar ali perto; como se a vida humana já não valesse mais nada. As pessoas estão ficando insensíveis ao ponto de ninguém se preocupar mais com ninguém. Ninguém se importou com aquele corpo largado no chão! Esta é a realidade na qual eles estão vivendo.”

O terceiro maior país da África está vivendo um conflito interno que já dura 30 anos, mas não estava preparado para o que começou em 15 de Abril de 2023. Neste dia estourou uma luta pelo poder entre as duas maiores facções dentro das forças militares: a Sudanese Armed Forces (SAF) , e o grupo paramilitar Rapid Support Forces ( RSF). Essa luta cresceu a partir da capital Khartoum, e se espalhou por todo o país. Dizem que os dois generais rivais tem apoio de outras potências de fora do Sudão; e, cada um com seu apoio, destruiu a Infra-estrutura do país e impingiu muitas perdas entre os civis.

S*, um engenheiro civil, tinha acabado de levar a sua filhinha para o Jardim de Infância, e foi para o seu trabalho que é em  uma Refinaria de Petróleo. Nesta hora os inimigos começaram a lançar foguetes sobre a cidade.

“Nós começamos a ver fumaça por todo o lado e ouvir artilharia pesada. Não houve nenhum aviso. E isto era muito estranho para nós! Nós já tínhamos notícias de confrontos na região das montanhas de Nuba e outros lugares, mas agora isto estava acontecendo dentro da Capital!

“Tudo ficou mais assustador quando a RSF e a SAF começaram a trocar tiros bem perto de onde eu moro. Nós tivemos que deitar no chão com os rostos por terra. Havia luta armada por todo o lado. E eu pensei: “Acabou! Agora nós vamos morrer.”

S* e toda a sua família tiveram que abandonar suas casas e não puderam voltar por um ano. Naquele dia eles saíram apenas com uma pequena bagagem, acreditando na promessa do governo de que tudo voltaria ao normal em alguns dias. E, o pior, eles nem puderam mandar alguém para ver como estava a sua casa, porque havia sempre o perigo de um novo ataque.

“Não se faz nenhuma diferença entre quem é um militar armado e quem é civil. O que está acontecendo no Sudão é realmente algo Inumano. Eu gostaria de dizer para o mundo exterior que os Sudaneses também são seus irmãos. Dizer que nós somos humanos igual a vocês. Nós não podemos permitir que as pessoas façam aquilo que estão fazendo.”

Estes são os pensamentos de A* , um economista e empresário,  que está conseguindo construir  uma rede nacional de apoio na qual 130 seguidores de Jesus Sudaneses estão compartilhando  o amor de Cristo através de relacionamentos pessoais com seus conterrâneos. Eles estão fazendo isto continuando em seus empregos habituais, mantendo as amizades, enquanto a vida como a conheciam evaporou neste clima de guerra. Apenas há um ano atrás uma casa, um carro, salário, alimentos suficientes, água limpa, acesso a cuidados hospitalares e educação eram coisas normais. Hoje parece que evaporaram no passado.

Mesmo assim, o time vê este tempo como uma oportunidade para viver na prática a esperança que o Cristão tem em Cristo, dentro deste país 90% muçulmano.

“Ainda que haja guerra no Sudão, a porta para o ministério está ainda mais aberta, e nós, como um time, fizemos um compromisso de que não iremos parar –  e nós queremos, além disto, ver o nosso ministério crescer.” A* nos diz com convicção.

“Nós não devemos espalhar a Palavra de deus apenas em tempos de paz, mas nós acreditamos que temos que compartilhar a Palavra de Deus mesmo durante a guerra – porque não podemos ficar ao lado de Deus apenas quando tudo está tranquilo e bonito, e quando as dificuldades chegam simplesmente largar nosso Deus.”

“Eu estou realmente orgulhoso de meus irmãos e irmãs em Cristo aqui.” Nos diz Tom*. “pois não é assim tão normal, tão fácil, que os cristãos, em uma tal situação, não fiquem pensando em primeiro lugar na sua própria segurança. Esses irmãos aqui estão pensando em seu país , e em como podem alcançar os outros e ajudar aos outros, tanto fisicamente como espiritualmente. Muitas, muitas pessoas estão se chegando ao Senhor – de fato, existem muitas histórias maravilhosas – e a OM , baseada nos países próximos está fazendo tudo o que pode para apoiá-los nestas oportunidades que tem para falar do Evangelho.”

“A guerra é uma oportunidade para alcançar os povos não alcançados com o evangelho” concorda S*, “Pois as pessoas estão fugindo… diferentes tribos… diferentes grupos de pessoas estão fugindo de um lugar para o outro , e todos estão procurado um lugar seguro para ficar, e, é claro que, se encontram nesta caminhada alguém que está oferecendo ajuda; eles estão mais abertos a ouvir o que este ajudador tem a dizer.”

“Quando nós começamos a oferecer ajuda humanitária, os muçulmanos começaram a dizer – ‘Estes cristãos que estão nos ajudando, eles não fazem discriminação entre Muculmanos, Cristãos , ou Ateístas – eles simplesmente ajudam a todo mundo ‘- e isto foi um testemunho muito bom para nós.”

Os dois lados do conflito são acusados pela comunidade internacional de bloquear a ajuda humanitária, que 25 milhões de pessoas – metade da população do Sudão – está precisando com urgência. As Nações Unidas descreve a situação como a maior e mais rápida crise de deslocamento populacional que está acontecendo atualmente no mundo. E está avisando que desastres acontecerão como efeito disto. Insegurança alimentar, desnutrição, falta de cuidados médicos, e falta de proteção para as crianças. Dezenove milhões de crianças estão sem escola desde Abril de 2023. A Agência da ONU para a proteção das crianças, a UNICEF, disse: “O impacto negativo que isto terá em seu futuro não poderá ser recuperado.”

FUTURO ROUBADO

“Minhas crianças estavam passando pelos seus exames”, conta S*, “Mas nem conseguiram concluir as provas. Os habitantes que tiveram que ser deslocados de suas cidades não tinham aonde ser acomodados, e então passaram a morar nas escolas. E a maioria dos professores também fugiu, pois não havia mais salário.”

“No futuro isto irá impactar o Sudão; pois a educação é a base, o alicerce para o seu futuro.”A* acrescenta. “Algumas das crianças acabaram caindo nas drogas, no álcool, no crime…”

“O futuro é negro e desesperançoso porque não há mais educação” S* suspira.” Eu sinto que, de fato, roubaram o futuro destas crianças.”

Os advogados ligados aos direitos humanos denunciam que os meninos, tão jovens quanto 10 anos de idade, já estão sendo recrutados como soldados. As mulheres e os mais jovens são os que correm maiores riscos de exploração nestas zonas de conflito. E são rotineiramente testemunhas da violência, de acordo com A*.

“As crianças e as mulheres tem assistido cenas de dor diante de seus olhos. Pessoas morrendo na frente delas, pessoas sofrendo; e isto tem sido muito traumático para as mulheres e crianças. Nós pedimos que vocês orem por isto.”

“Ore pela proteção de nossos irmãos e irmãs que vivem ali, por favor,” pede Tom*, “ E orem especialmente pela sua saúde emocional. Eles estão dizendo para mim, por exemplo, que estão vendo cada vez mais pessoas que andam pelas ruas falando consigo mesmas e que parecem estar perdidas, psicologicamente.”

Poucos serviços de suporte estão disponíveis, mas a OM implantou um Aconselhamento em situações de Trauma para ajudar os próprios membros da equipe a processar aquilo que estão vivendo, e equipa-los para que possam cuidar de outros. São necessários mais recursos para que Tom* consiga futuros arranjos para ter mais colaboradores nesta área:

“Para mim, aqui está uma chave para servir a este povo da melhor maneira possível, mas isto tem um custo alto. Eu tenho 100% de certeza em dizer que este é um investimento que vale a pena em todos os sentidos. É a maneira pela qual podemos estar ao lado deles como irmãos e irmãs cuidando deles em sua mente, corpo e espírito.”

PASSANDO FOME, EM UMA FAZENDA

O panorama não é esperançoso, humanamente falando. Os analistas preveem que os seguintes fatores : Terras abandonadas. Logística praticamente impossível. Custo muito alto para conseguir suprimentos em outros países; irá fazer com que a fome se espalhe pelo país neste ano.

“A fome está devastando o Sudão”, explica A*, “ Muitas crianças estão morrendo de desnutrição, e também muitos idosos. Nós iniciamos um projeto de Agricultura, que esperamos possa se expandir. As colheitas que estamos esperando colher agora são de GERGELIM, milho e algodão. Nós também estamos com o projeto de cultivar todos os tipos de frutas.

“Existem pessoas com as quais nós compartilhamos a Palavra de Deus e que aceitaram Jesus Cristo. Como consequência elas foram expulsas de suas casas. Nesta situação o nosso projeto agrícola dará a eles um trabalho, um lugar para morar; e dará a nós a oportunidade de discipulá-los em sua nova fé.

“Existem regiões boas para a agricultura no país que ainda estão em regiões razoavelmente seguras , aonde podemos levar adiante estes projetos agrícolas,” Tom analisa, “Até certo ponto isto poderia sustentar aos irmãos e irmãs e ainda lhes propiciar de servir aos outros nestas regiões com alimento e alívio; pois, ao interagir com eles de forma tão prática, poderão também lhes entregar o evangelho.

“Precisamos levantar $ 30.000 USD a cada mês para sustentar 130 pessoas, e prepara-los, de alguma maneira, a ajudar os que estiverem próximos a eles. E, além disto, o próximos passo deste Projeto Agrícola irá custar aproximadamente outros $ 30.000 USD. Outra grande necessidade são Bíblias e Bíblias em áudio.  Essas são as suas maiores necessidades neste momento.”

S*, apesar de tudo, mantém a sua esperança: “Nós confiamos em Deus, pois não existe nada que esteja acima de Deus. ELE está presente em todas as situações, e ELE tem a Sua própria maneira de trabalhar. Esta é uma das razões que nos dá coragem para permanecer aqui no Sudão.”

Tom* nos conta que está admirado com a resiliência de seus amigos e com o trabalho que eles continuam fazendo em momentos tão desesperadores no seu país. “Como esta é uma guerra que parece que “está fora do radar”, não apenas para o mundo Ocidental, mas também para o mundo Cristão”, ele diz,” eu vejo o meu papel, até certo ponto, como aquele que está levantando a bandeira, compartilhando histórias e pedindo ajuda: em oração, em primeiro lugar, e financeira, em segundo lugar.

“Eu gostaria de encorajar, a cada um que está unido a nós em um mesmo espírito, a fazer exatamente o mesmo; por favor, compartilhe aquilo que está se passando aqui: O perigo. A situação terrível. As portas abertas. Os pedidos de oração. Os frutos que sabemos que estão chegando – e ore, ore por um grande, grande movimento em direção a Jesus Cristo no Sudão.”

*Nomes protegidos por questão de segurança.

Ajude a compartilhar a promessa de esperança e futuro. Você poderia ser um parceiro da OM no sustento de nossos irmãos e irmãs em seu ministério no Sudão?

 

Por JULIE KNOX

Lucie

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